NUMBER TEDDIE E O ABRAÇO À MARÉ DE SENTIMENTOS

Number-Teddie

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A partir de uma imersão em questões internalizadas por anos, Number Teddie canta músicas sobre sua sexualidade, depressão, autocrítica e estética.

Number Teddie / Reprodução


Nascido no Amazonas, Geovane Aranha é professor de inglês e nas horas vagas costumava compor, produzir, mixar e masterizar as próprias faixas em seu quarto. Posteriormente, viu sua expressão artística e sentimental de fato tomar forma e ocupar espaços inimagináveis. Começou a enviar suas demos a diversas gravadoras e posteriormente as disponibilizá-las em plataformas como Soundcloud e Spotify. Trabalho árduo que demandou tempo e paciência, que aos poucos floresce em resultados plausíveis.

De antemão, muitos ainda podem vir a se perguntar: quem é Number Teddie?

Porém, uma pergunta mais pertinente seria: Já ouviu sucessos como “Descontrolada” de Pabllo Vittar, “Fúria” de Urias e “Elemefezassim” de Chamello? Além de estarem nas principais playlists das casas noturnas das noites paulistanas, todas têm a mão dele. Ele tem se tornado um dos principais nomes nos créditos de grandes faixas nacionais. Aos poucos, como quem planta um jardim, Number Teddie vem semeando, expandindo suas ideias e amplificando seu grito por liberdade e rebeldia.

Com o estilo pop/pop punk como ponto de partida, Number Teddie usa suas músicas como refúgio do mundo. As amplifica como quem pega um megafone para falar sobre sentimentos difíceis de aceitar e, principalmente, de descrever. 

“Você só bebia, alimentava umas mentiras e escondia tudo, mas no fundo eu sei/ Não era maldade, mas pela minha idade eu sabia que eu não era o favorito de alguém. Minha mãe sempre dizia, que um dia eu entenderia, mas tempo passou e você morreu/ Eu só queria que você me levasse pro cinema”


Ouça: 


Lançado em 2019, “Cinema” soa como a página de um diário escrito entre soluços de choro e angústia. Onde uma criança fala como se sente em relação ao abandono paterno e vulnerabilidade de uma mãe que só queria protegê-lo. 

“A arte tem que ser algo desconfortável”Number Teddie 


Number Teddie por Matheus Ribeiro


E é justamente esse desconforto que tem tornado Number Teddie uma figura tão irreverente e autêntica. Através de suas faixas, a identificação é inevitável e quase que de forma instantânea. Quem nunca se sentiu um “Bom ator” ao não se reconhecer em atitudes e lugares? Quem, em uma explosão de ressentimentos por um ex, não pensou “Eu deveria ter comido seus amigos”? Tudo bem, essa última talvez não. Mas, foi justamente essa faixa lançada em 2022 que rendeu uma reprodução em um dos maiores programas de rádio norte-americanos, “World First”, apresentado por Zane Lowe, na Apple Music. 

“Eu sonhei que eu cantava melhor, beijava melhor, falava melhor… mas, esse não sou eu. Quero me sentir bem no meu corpo, quero achar que eu mereço alguém me amar”

A faixa “Acho que eu tô bem” é uma entre as dez canções que compõem seu álbum de estreia “PODERIA SER PIOR”, lançado em agosto de 2022, pela Sony Music.  Ao ouvir em ordem de sequência, soa como a jornada de um jovem em busca de seu lugar no mundo, tentando se reconhecer e se amar em meio a um turbilhão de sentimentos internos e externos.

Já a faixa título “Poderia ser pior” abre o álbum como uma carta de confissão para si mesmo. Nela, ele relata como é lidar com a solidão mesmo diante de outras pessoas. “Como é que eu vou ficar feliz quando eu to triste pra caralho?” enfatiza a busca e cobrança por uma felicidade inexistente, quase que ilusória, que tem cada vez mais contaminado as pessoas. “E se eu tivesse o nariz menor?” é um belo exemplo de desabafo e questiona o eu, em contraposição ao padrão estético imposto pela sociedade.


Ouça: 


Com o lançamento do álbum, Number deu mais um passo rumo ao reconhecimento. Furou a bolha das redes ao ser confirmado como atração do palco SUPERNOVA no Rock In Rio 2022. Lá, ele apresentou um show completo pela primeira vez e ainda contou com a presença de Cléo, para cantar a collab “Bom ator”.

Posteriormente figurou na lista anual da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como um dos 50 melhores álbuns brasileiros do ano. Anunciado como uma das atrações do Lollapalooza 2023, ele tem em suas mãos, a oportunidade de atingir um publico ainda maior e diverso. Em seu mais recente show no SESC Paulista, ele anunciou a versão Deluxe de seu primeiro álbum. Rebatizado de “Poderia ser (bem) pior” que foi lançado no ultimo dia 15 de março, contendo 4 novas faixas.


Number Teddie / Reprodução


Assim, com suas letras ácidas, recheadas de angústia e desamor, Number Teddie tem se mostrado autêntico, vulnerável e incomum. Com referências de Dolly Parton à Jão, o cenário musical brasileiro ganhou mais um representante, que canta sobre experiências atemporais e inevitáveis. 

Ouça:


SAIBA MAIS SOBRE NUMBER TEDDIE EM:


IG: @numberteddie

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