Atualmente formada por Caio Weber (Vocais/Bateria), Gabe Oliveira (Guitarra/Vocais) e Giovani Gonçalves (Baixo/Sintetizadores) e diretamente de Curitiba, a banda Cefa vem construindo sua identidade e carreira desde 2012. Percorrendo entre diferentes gêneros musicais e sempre buscando se reinventar, pois a zona de conforto nunca os atrai, podemos notar a evolução conforme analisamos os lançamentos da banda.
O EP ‘Os Dias Que Antecedem As Rosas’ (2012) e o primeiro álbum ‘O Fantástico Azul ao Longe’ (2015), foram voltados à sonoridade post-hardcore, contendo letras metafóricas e mais “abertas” a interpretações.
Caminhando numa direção diferente, a banda nos apresentou um álbum acústico com reinterpretações do primeiro disco. Em seguida, o segundo EP ‘Alúmen’ (2019) e o segundo álbum ‘CAØS’ (2020), além disso, uma versão reimaginada do mesmo. Aqui nós encontramos uma Cefa que expandiu sua sonoridade. Passando por algumas vertentes do rock, como o emo e o hardcore, além de junções características do pop, apresentando letras mais diretas, políticas, urgentes e necessárias.
Agora, a banda nos apresenta um o disco mais ousado, construído a partir de uma manifestação artística completamente diferente. O trio paranaense lança seu mais novo disco que é, assim como a vida, cheia de dualidades. Ao mesmo tempo é metafórico e direto, calmo e barulhento, triste e dançante, explosivo e confortante – uma verdadeira montanha russa de sentimentos.
‘PRA QUE A REALIDADE NÃO DESTRUA’, começa apresentando uma mistura interessante de beats bem brasileiros de funk, riffs e linhas de bateria típicas do rock. MEDO – primeira faixa – traz consigo ainda uma letra onde todos podemos nos encontrar em algum ponto da nossa vida, afinal – “O medo do futuro não me deixa em paz”.
Continuamos a nossa jornada pela vida, ou pelo álbum, com ‘O Infinito que Existe em Mim’, primeiro single do disco lançado em 2022. Cefa apresenta com a ajuda de sintetizadores, guitarras e baterias marcantes, um respiro e uma força em meio a tanta desesperança, exclusão e dor, pois – “Tentaram diminuir e suprimir o infinito que existe em mim, mas transformei todo desdém em combustível e ninguém mais pode me apagar”.
“Por favor, alguém me tira daqui, quero fugir pra bem longe de todo esse caos” é uma das frases do refrão da terceira faixa, intitulada ‘ALGUÉM ME TIRA DAQUI!’. Aqui, eles expressam todas as negatividades que podem existir dentro de uma pessoa e como ela não quer mais conviver ou lidar com a escuridão, tanto de si quanto do mundo.
Seguindo adiante, em ‘PONTO FINAL (ou uma reticência)’ é colocado em debate alguns questionamentos internos e externos. Colocando-se em um lugar extremamente vulnerável porque – “eu tenho tanto medo que teu sonho de voar tão alto me afaste e eu não consiga te segurar quando você saltar”.
‘LABIRINTO’ -é a faixa que talvez mais se assemelhe ao álbum anterior, CAØS, ao mesmo tempo que é construída de uma maneira totalmente diferente. Mais rápida, densa, cheia de letra e críticas sociopolíticas contra as consequências do capitalismo. Um aceno ao “despertar” desse sistema político-econômico em que estamos inseridos.
Em contrapartida, seguimos com ‘ANSIEDADE’. Mais uma faixa que traz desentendimentos internos que, assim como sugere o título, vem cheia de dualidade. Com refrões altos e rápidos, contra versos intimistas e calmos, sendo uma das músicas que mais possa representar a nova sonoridade proposta da banda.
Peguem seus lencinhos, pois chegamos em ‘MARÍLIA’, faixa em que homenageia a cantora Marília Mendonça. Nela refletimos sobre a única certeza da vida, a morte, e em como ela pode chegar assim, do nada, de repente, levando aqueles que mais amamos. E o outro lado, como seguimos, pois – “ainda tem teu cheiro em mim, é prova de que o tempo não nos separou. Levo você no peito onde quer que eu vou”.
E para fechar o disco com chave de ouro, ‘Essa é Sobre Nós’. A faixa é direta e explícita em que descreve justamente a história da banda, e como em meio a tantas dificuldades eles continuam aqui nos emocionando com suas letras e nos abraçando a cada verso cantado.
Cefa continua inovando ao trazer seu novo disco com uma roupagem completamente nova, ainda sem perder sua essência interior. Nos emocionando e nos abraçando com nossas causas e dores. Peguem seus lencinhos e preparem-se para dançar enquanto choram porque assim é a vida, e vamos levando “pra que a realidade não destrua”.