Não é de hoje que mulheres no rock ainda são discriminadas e lutam constantemente pelo seu espaço neste gênero. Porém, em resposta à essa luta, surgiu nos anos 90 no estado de Washington, Estados Unidos, o movimento Riot Grrrl retratando a cena punk feminista no meio musical. Sobretudo, combinando uma visão social, política, e também sendo caracterizado como um gênero musical nascido do Indie Rock.
O termo tem origem por vertentes aos protestos de Mount Pleasant e pelas cantoras e compositoras Allison Wolfe da banda de Punk Rock Bratmobile e Kathleen Hannah da banda Bikini Kill, vozes principais do movimento que repercute até os dias atuais – Produziam fanzines de conteúdos e ideias feministas. Além disso, incentivaram outras mulheres a serem independentes e formarem suas próprias bandas, como forma de combater também o sexismo na indústria musical.
Mas se engana quem pensa que o movimento já não era influenciado anteriormente. Durante o final dos anos 70 e meados de 80, houve mulheres artistas inovadoras na cena Punk Rock que posteriormente vieram a influenciar o Riot Grrrl, como Chrissie Hynde, Pauline Black, Lydia Lunch, Joan Jett, Patti Smith, Poly Styrene, dentre outras.
As bandas relacionadas ao Riot Grrrl tratam em suas letras temas como o empoderamento feminino, sexualidade, estrupo, abusos domésticos e racismo.
Algumas outras bandas associadas são Heavens To Betsy, Huggy Bear, Sleater-Kinney, Excuse 17, Pussy Riot e Babes in Toyland.
Até hoje o movimento influencia milhares de mulheres musicistas. O Riot Grrrl absorveu do Punk Rock os ideais “do it yourself” (faça você mesmo), por isso, há tantas semelhanças com o modo independente de produzir e disseminar o trabalho em meio ao movimento, organizando shows e eventos, sem ter que recorrer à mídias ou à renomadas gravadoras.
No Brasil, o movimento influenciou diversas bandas femininas. Dentre elas o Dominatrix, fundada em 1995 em São Paulo, que continua em atividade até hoje. A banda também promove o festival LadyFest Brasil que consiste em expor fanzines feministas e divulgar trabalhos de novas bandas femininas.
Contudo, não podemos negar que o movimento Riot Grrrl não deu visibilidade às mulheres negras. Muitas se sentiam excluídas com a falta de representatividade no universo Punk. Uma das vozes negras mais reconhecidas é Ramdasha Bikceem, uma adolescente punk que nos anos 90 criou sua própria fanzine chamada GUNK. Sua voz foi fundamental, pois ela começou a expor o racismo na cena punk e a falta de diversidade no Riot Grrrl.
Outros nomes muito conhecidos são o das musicistas Tamar-kali Brown, Maya Glick, Honeychild Coleman e Simi Stone que fundaram o Sista Grrrl’s Riot, um espaço alternativo para garotas punks negras tocarem e se expressarem.