Azul, amarelo e um resgate da paixão pelo país, pelo que faz acelerar o coração, pelo sonho. UMZÉ ama futebol, Luiz já não curte muito. As histórias desses dois se cruzam, pois um dá vida ao outro, e nesse caminho de autoconhecimento e construção pessoal, nasce uma persona e uma missão.
Esbarrando naquela velha história de conexão musical através da igreja e pequenas pílulas estimulantes dentro de casa, Luiz Henrique Fernandes da Silva, de 22 anos, estudante de engenharia, transforma-se em UMZÉ para viver sua paixão: a música.
No estilo faça você mesmo, abraçando sua autenticidade e com uma base de apoio colaborativa, nasceu ‘Caçula’, seu primeiro EP. As seis faixas constroem uma narrativa que transita por diversos estilos, provavelmente porque UMZÉ é daqueles personagens que não desistem facilmente dos sonhos. Se existe uma oportunidade de se jogar, ele vai com tudo, sem medo ou até mesmo com medo, de olhos fechados, mas vai.
Um dos conceitos do projeto é funcionar como uma espécie de rádio, pois envolve diversos gêneros musicais ao longo da troca das faixas. Ao mesmo tempo, possui referências de peso para cada estilo, que vão desde Jorge Ben Jor, Milton Nascimento e Marcelo D2 até Febem, Kali Uchis, Karol Conká e a banda Tuyo.
Ainda sobre o conceito, Luiz explica a relação de sua persona com o contexto da obra: “O UMZÉ é esse brasileiro médio, a jornada do EP é sobre isso. E como há uma criança dentro desse Zé, essa criança que tem um sonho de um país melhor, pode representar muitas coisas. É um projeto muito aberto; eu dou ferramentas que dão margem para você entender muita coisa. Como se uma pessoa adulta estivesse com uma criança do lado e passasse pelas faixas com ela“.
A COLABORAÇÃO QUE MOVE UMZÉ
Como dito anteriormente, a colaboração foi uma parte muito importante em ‘Caçula’, pois sem o coletivo, talvez não teríamos a obra. Desde conexões dentro de um grupo de fãs até o apoio de artistas como o FBC e a banda Tuyo. Para artistas independentes, muitas vezes sem recursos, a luta é bem mais difícil.
“Ter esse tipo de construção no coletivo com a galera foi sensacional, fundamental para que a obra falasse por si, mas de um jeito que a minha vida e a construção de tudo desse respaldo. O jeito que eu vivo, o jeito que eu faço conexões dá respaldo para minha obra e vice-versa“, conta Luiz.
Além disso, as questões de privilégio colaboram para que artistas como Luiz enfrentem desafios adicionais. Paula Pereira Silva, produtora executiva do projeto, foi uma grande impulsionadora para que todas as peças estivessem bem encaixadas e para que eles estivessem por dentro de todas as questões que, muitas vezes, não lhe são apresentadas. Desde os processos mais simples até os licenciamentos, direitos autorais e tudo que envolve a distribuição de um trabalho musical.
“Quando começamos a entender o processo eu tive uma conversa com ele. Muitos artistas independentes que começam sem ter nada acabam ficando fora das informações do mercado da música. E esse mercado é muito competitivo, não tem como escapar disso. Não é porque você está começando que será de qualquer jeito“, explica Paula.
CAÇULA
Quando Luiz fala que o EP funciona como uma estação de rádio, ele não está brincando. As seis faixas formam essa estação variada ao mesmo tempo em que todas se conectam na mesma narrativa.
“No começo, você tem um Indie; depois, você tem um samba rock; depois, você tem um funk; depois, você tem um R&B; depois, você tem um pop disco com influências do gospel e soul; e depois, você tem uma música eletrônica”, conta Luiz.
Caçula é sobre a construção de uma história que a maioria de nós já conhece: crescer. Esse processo de lidar com as adversidades, encarar o mundão e entender que nem sempre todos teremos as mesmas oportunidades. E Luiz consegue enfatizar esses pontos nas faixas ‘Corrida‘ e ‘Crescer dói‘.
Acompanhar o alter ego de Luiz é se deparar com uma grande parcela da população do país. São aqueles que acordam cedo e saem em busca dos seus objetivos, que têm sonhos e, mesmo diante das adversidades, não desistem. São os que persistem na luta, enfrentam desafios incansavelmente. Aqueles que entendem que nada que é bom vem de graça. Todo mundo conhece um Zé por aí – pode ser eu, você, seu vizinho, algum familiar – eles estão por todos os lados. Ainda bem.